Sabes cuidar dos outros. Mas sabes cuidar de ti?
Olá, eterno aprendiz,
Como estás, antes de mais?
Esta semana quero partilhar contigo o peso que traz “seres a pessoa que resolve tudo”, “a pessoa forte”, “a que não gosta de pedir ajuda”… e como podes começar a encontrar o caminho do meio.
Um caminho onde não precisas de ser sempre forte, mas onde também não perdes a tua sensibilidade perante o outro.
“Tu és forte. Tu consegues.”
Esta é a minha mãe. Olinda. Uma mulher amor-furacão, repleta de energia positiva.
Sim, ouvi demasiadas vezes esta frase. Ainda em adulta, às vezes, a ouço 😅
Com isto, cresci demasiado cedo.
A Ângela criança não sentiu espaço seguro para dizer o que pensava, para exprimir o que sentia e se permitir viver as emoções.
Faltou, em criança, chorar muitas lágrimas, fazer mais birras e bater o pé. Sempre fui a menina bem-comportada e responsável.
Também era aquela que se metia à frente dos meninos “mais fracos” para os “mais fortes” não baterem neles. E com isto levava porrada e dava porrada. Muitas nódoas negras tive nestas pernas por ser a que cuidava dos outros... mas não de si.
Tornei-me na adulta forte, corajosa, determinada e que não pedia ajuda a ninguém, para não ser fraca.
Era a mim que pediam para chamar a atenção da colega que não tinha feito a sua parte e limpo a cozinha.
Era a mim que pediam para dizer ao chefe algo desconfortável, que eram incapazes de dizer.
E a Ângela adulta lá ia.
Dava o peito às balas e continuava a cuidar e a defender os outros.
Ela nunca fugia. Nunca evitava conflitos.
No meio disto tudo, cuidava de todos… menos de mim.
Até ao dia em que as perguntas não me deixavam em paz:
Quem sou eu?
Porque sou assim, sem evitar conflitos?
O que me motiva verdadeiramente?
Quais são as minhas fragilidades?
Quais são os meus medos? As minhas sombras?
Foi aí que decidi mergulhar em mim própria e descobrir o meu perfil comportamental através da metodologia DISC: dominante, influente, sereno e cauteloso.
Confesso-te que a minha primeira reação foi de negação ao descobrir que a minha energia principal era a vermelha (perfil dominante).
“Como assim, por vezes, sou agressiva, exigente e fria?
O que sou é assertiva, direta e ágil” — dizia eu, no alto do meu pedestal.
Pois, pois…
O nosso ego é tramado.
Protege-nos de qualquer coisa que nos possa magoar.
Não nos deixa ver a nossa sombra para não sofrermos e para acharmos que estamos sempre certos e os outros é que estão errados.
Hoje sei que este conhecimento foi o primeiro passo para começar a curar interiormente e ter uma vida mais leve.
Para chorar o que não tinha chorado.
E pedir desculpa às pessoas que tinha magoado.
Foi tão importante para mim que se tornou um dos pilares do meu trabalho como mentora slow.
Estas novas informações sobre mim e sobre os outros mudaram profundamente a forma como vejo o mundo.
Alteraram a minha filosofia de vida e alguns conceitos basilares.
Respeito
Assim como eu tenho direito à minha energia, o outro também tem.
Talvez valorize a segurança e não se sinta confortável a arriscar tanto quanto eu.
Ao respeitar, deixei de precisar de criticar.
E comecei a vibrar em bondade, atraindo pessoas bondosas.
Responsabilidade
Percebi que cada um é responsável por si e pelas suas decisões.
E que, ao defender os outros, eu estava na verdade a tirar-lhes o poder.
A dizer-lhes, inconscientemente, que não eram capazes.
Lê esta frase outra vez. Esta ideia mudou a minha vida.
E tirou-me um peso gigante dos ombros.
Empatia
A aceitação plena está na base da empatia.
Posso não concordar com a atitude da pessoa, mas posso compreendê-la melhor.
Se alguém hoje diz uma coisa e amanhã diz outra, consigo ver que é só medo de não ser aceite.
Empatia é aceitar sem precisar de concordar.
Relacionamentos
Esta é a base de tudo — na vida e nos negócios.
Nada se faz sozinho.
E foi essencial ter este conhecimento para cultivar relações mais autênticas, mais leves, sem precisar de recorrer a técnicas de persuasão ou influência.
Limites saudáveis
Quando te conheces melhor, a ti e ao outro, sabes onde termina o teu espaço e começa o do outro.
Aprendes a dizer “não, obrigada” onde antes só dizias “sim”.
Tens opinião, mas não precisas de convencer.
Estás sereno. Confiante.
E equilibras a tua essência com a sensibilidade de compreender o outro.
É sobre esse equilíbrio que te falo no curso A Arte de Lidar com Pessoas.
Um curso que nasceu do meu próprio caminho, de quem passou anos a cuidar de todos…
até aprender, com verdade, a não se esquecer de si.
Se também estás cansado de dar tudo e ainda assim sentir que falta algo,
este pode ser o teu primeiro passo para voltares a ti.
Com empatia. Com limites. Com alma.
Com carinho,
Ângela Silva – mentora slow